EU ASSISTO À TV
Eu já começo com uma polêmica. Conheço muita gente que faz
televisão, produz conteúdo audiovisual, e diz com orgulho que “não assiste à
TV”.
Sempre que ouço isso, sinto um misto de indignação,
admiração, estranheza, ignorância.
Mas, afinal, como é possível fazer algo sem
pesquisa, sem conhecimento, ou mais que isso, sem acompanhamento do que vem
sendo feito em paralelo?
Aí a gente vê “produtos” da TV confessando
publicamente o seu “feito”.
GLORIA MARIA não deixa as filhas assistirem à TV.
Acha que elas são muito pequenas. “Quero que elas vivenciem a infância, que
possam brincar, dançar, fantasiar e só depois elas entrem no mundo da TV”.
Aí eu paro e penso: “Nossa, se não fosse a TV na
minha infância e adolescência solitárias, dentro de um apartamento em plena
cidade de São Paulo, filha única, sempre sozinha ou na companhia de empregadas,
eu nunca teria brincado com Garibaldo e tantos outros programas infantis legais
da minha época (anos 70...);
Fantasiar? Uau, fantasiei tanto com séries e
desenhos maravilhosos como ‘Gasparzinho’, ‘Tom & Jerry’, ‘A Feiticeira’,
‘Jeanny é um gênio’, ‘Batman e Robin’, ‘Perdidos no Espaço’, ‘Terra de
Gigantes’... ih, se deixar passo 24 horas aqui listando tudo. rs.
Jeannie é um gênio...
Dançar?!
Dançava na sala de casa com a vassoura na mão (pois varria pra ajudar minha
mãe, que trabalhava até tarde), ao som e embalo de Fred Astaire, Ginger Rogers,
Gene Kelly, Sid Charisse... e tantos outros musicais da era dourada de
Hollywood que via inebriada na ‘Sessão da Tarde’.
Então vamos citar outra famosa que fala, com
orgulho, sobre o boicote à TV em casa:
“ Não assisto nada na TV e meus filhos também não.”
GISELE BUNDCHEN. Nossa, para alguém que está em todas as propagandas da TV
brasileira, isso é uma loucura....
Ainda que uns e outros defendam que, para crianças,
assistir à TV não é saudável, eu vou e sempre fui na contra-corrente dessa
“tese”. Mesmo porque, se eu trabalho em televisão, se eu produzo para a TV, não
posso argumentar com meus filhos que o que rola na TV não é bom pra eles.
Oi?!
Claro que há programas totalmente inapropriados
para eles (e para mim também... rs). Mas aqui, sobressai o bom senso, a
capacidade que tenho de educar e, mais que isso, orientar meus filhos sobre o
que é e o que não é pra eles, seguindo faixa etária e também, de novo, o bom
senso!
Óbvio que, numa fase não tão remota, os dois
começaram a querer assistir ao programa “Pânico na TV”, que eu abomino. O mesmo
aconteceu com o BBB (que eu também abomino...rs). Não tive como proibir, mas o
tempo todo acompanhei e pontuei: vejam isso, é medíocre, estão usando pessoas
simples, indefesas, para provocar o riso fácil, rir da desgraça ou da
ignorância alheia não é bonito. Não é engraçado, é muito TRISTE. (sobre o
Pânico...).
Do BBB, é a velha questão... pessoas se mostram
dispostas a tudo, transar em rede nacional embaixo do edredon, botar pra fora
falsidade, joguinhos de poder, seus “podres” por prêmios (carros, dinheiro) ou,
pior ainda, por fama! Irgh.
Ainda falando de filhos, os meus... Vejo ambos (um casal) assistindo vídeos e filmes e séries pelo
computador. Realmente, AS
plataformas deles estão mais para celular/ipad/computador. Mais fácil, você
escolhe o que quer ver e faz mil outras coisas em paralelo. OK. Como sou de
outra geração, acho que TV com celular na mão é mais a minha praia.
Aí, numa breve pesquisa, encontro a seguinte
manchete:
Brasileiros assistiram mais televisão em 2015, revela pesquisa
Brasileiros
passaram 14 min a mais em frente ao televisor em comparação
com 2014
De
acordo com pesquisa divulgada pelo jornal “Folha de S. Paulo”, o brasileiro assistiu
mais televisão em 2015 em relação aos anos
anteriores. O estudo apontou que os televisores ficaram ligados por 5 horas, 59
minutos e 45 segundos em média por dia ante as 5 horas, 45 minutos e 46
segundos registradas em 2014.
Em outras palavras, os
telespectadores passaram 14 minutos a mais com os aparelhos sintonizados, ou
seja, um crescimento de 9% em comparação ao ano passado.
Pensa que é só isso? Tem mais...
Brasileiro consome 20 horas semanais de TV
São Paulo - O Brasil é um dos países
onde mais se assiste TV no
mundo, é o que aponta o estudo Barômetro de Engajamento de Mídia, feito globalmente
pela Motorola Mobility. Em primeiro lugar no ranking estão os Estados Unidos,
com uma média de consumo de TV semanal de 23 horas, seguidos Índia, China,
Malásia e Turquia, empatados com 22 horas de consumo semanal. No Brasil, o
consumo médio de TV é de 20 horas semanais. O estudo questionou 9,5 mil
consumidores, de 17 mercados, incluindo Brasil, Estados Unidos, Reino Unido,
França, Alemanha, Países Nórdicos, Rússia, Turquia, Emirados Árabes Unidos,
Argentina, México, Austrália, Malásia, Japão, Coreia, China e Índia.
Tá bom, eu sei que tudo nessa vida tem um
contraponto. E vamos então a ele:
Conheça 5 motivos pelos quais cada vez menos pessoas assistem à TV aberta
Embora ainda seja uma das ‘melhores
amigas’ de milhões de brasileiros, a TV aberta tem visto seu público diminuir
anualmente e está longe de alcançar os índices do passado. Nem mesmo as
atrações mais tradicionais escapam da aparente perda de interesse dos
telespectadores. Na Globo, novelas das 21h que alcançavam 50 pontos de média
hoje patinam em torno dos 35 e tal queda se reflete proporcionalmente em todas
as demais emissoras. Quais seriam os catalisadores deste processo? Por que cada
vez menos pessoas assistem à TV aberta e que fatores estariam por trás deste
fenômeno da era moderna?
Bom, esse artigo aí aponta as principais causas da queda
da audiência da TV aberta nos últimos anos. E eu acabei concordando...
- Aumento do poder aquisitivo – classe média muda, agora
tem muito mais gente com acesso à computador, TV a cabo... e com o aumento das
opções, vem a escolha – o que realmente me interessa ver na TV?
Ninguém mais é obrigado a assistir ao Jornal Nacional na
hora do seu jantar, pois não tem mais nada que sirva nos demais canais. Para
milhões de pessoas, assistir à novela deixou de ser a única opção. FATO.
VER TV TRAZ FELICIDADE?
Pois é, essa é
outra questão.... Eu me sinto super bem diante de uma televisão. Assisto o que
me faz bem, o que me intriga, me interessa. O controle remoto e a possibilidade
de zapear é um dos maiores avanços da liberdade, do poder de escolha, na área
do entretenimento. E incentivo muito
meus filhos em relação a isso.
Mas, há quem pense diferente... Um estudo feito por
sociólogos americanos concluiu que pessoas infelizes assistem mais televisão,
enquanto pessoas que se consideram felizes lêem mais e têm vida social mais
ativa. O trabalho foi publicado na revista
científica Social Indicators Research. Os pesquisadores, da
Universidade de Maryland, na cidade de Baltimore, basearam suas conclusões em
pesquisas realizadas ao longo de 30 anos, nos Estados Unidos. De acordo com a
General Social Surveys, pessoas que se consideram infelizes assistem em média 20%
mais televisão do que pessoas muito felizes. Em suas conclusões, os
pesquisadores levaram em conta características individuais como educação,
salário, idade e estado civil.
As pesquisas também revelaram que pessoas que se
descrevem como felizes são mais ativas socialmente, participam mais de serviços
religiosos, votam com mais freqüência e lêem mais jornais.
Massssss.... Nos diários dos participantes da
pesquisa, eles
pareciam ver o ato de assistir à televisão de forma
mais positiva.
A conclusão de um dos pesquisadores foi que, embora
os telespectadores digam que a TV de forma geral é um desperdício de tempo e
uma atividade não particularmente agradável, muitos acrescentam que os
programas vistos "foram muito bons".
Terminando a minha defesa do ASSISTIR À TV, cito outra pesquisa... agora pensando nas
crianças.
Publicada em 2014 no Portal da
Imprensa, uma matéria contava que um pesquisador garantiu que a TV faz sim
muito bem ao desenvolvimento infantil. O
professor da Universidade de Chicago (EUA) e pensador americano Matthew
Gentzkow, em entrevista ao jornal O Globo, comentou a relação que
faz com o início das transmissões televisivas, na década de 1940, com o aumento
das notas escolares.
"O
estudo aponta indícios de que a televisão pode ter efeitos benéficos no
desenvolvimento infantil, especialmente para os que vivem em ambientes
desfavoráveis", disse. "Se você olhar para filhos de mães com baixo
nível de escolaridade, de minorias étnicas ou de famílias que não têm o inglês
como língua nativa, os benefícios são bastante significativos", explicou.
Para ele, não há possibilidade de refletir sobre a TV sem se preocupar com o
que ela está substituindo. O professor disse que muitos críticos à exposição
das crianças aos programas são altamente educados e não vêm o aparelho como uma
alternativa.
CONCLUO.
ASSISTIR À TV.... AO TABLET, AO CELULAR, AO
COMPUTADOR... TUDO ISSO DÁ NO MESMO, DESDE QUE O CONTEÚDO DO PROGRAMA, DO
VÍDEO, DO FILME, DA SÉRIE, DO DOCUMENTÁRIO, DO JORNAL, SEJA BOM.
O QUE NOS MOVE É QUALIDADE. NÃO É MAIS, HÁ MUITO TEMPO,
O MEIO/PLATAFORMA ATRAVÉS DO QUAL ESTAMOS BUSCANDO ESSE CONTEÚDO BOM,
INTERESSANTE, ENVOLVENTE, ATRAENTE, DIVERTIDO ...
MAS, ACIMA DE TUDO, ACHO QUE QUEM FAZ TELEVISÃO HOJE NÃO
PODE SE EXIMIR DE ASSISTI-LA. É, AINDA, NA MINHA MODESTA OPINIÃO, UM GRANDE
LABORATÓRIO. TEM TANTA GENTE EXPERIMENTANDO, ARRISCANDO, OUSANDO, ERRANDO, E,
GRAÇAS!, ACERTANDO.
E PRA NÓS, ASSISTIR A TUDO ISSO É VITAL.
Fica a dica e está aberta a discussão. Aguardo seus
comentários.
Beijos e obrigada (para quem chegou até aqui!) rs
Concordo em gênero, número e grau, amada! Bora aproveitar a "liberdade" do "zapping"! Bom senso é tudo!
ResponderExcluirObrigada por seu comentário, querida Rô. É mesmo muito bom poder escolher, né? Beijos e saudades.... Tão bom saber que, de algum jeito, vc está por perto...rs
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